Com o avanço da genética descobriu-se que uma série de patologias poderia ser prevenida. Mais de 90% das doenças genéticas são congênitas(mutações novas), e não hereditárias. Isso quer dizer que a maioria das modificações dos genes geradores de doenças aconteceu durante a construção genética do feto, q que não foram transmitidas dos pais para a criança. Assim, se pudermos estabilizar, nutrir e melhorar a qualidade dos cromossomos, poderemos reduzir a chance da ocorrência de uma mutação. O exemplo mais claro é o ácido fólico: é uma vitamina do complexo B que é um cofator importante durante o processo de síntese de cromossomos. Nas primeiras semanas de intensa multiplicação celular, se faz necessária muita matéria-prima (como o ácido fólico) e sua carência faz com que se formem cromossomos alterados que resultarão em más-formações congênitas, como Meningomielocele e lábio leporino, sendo necessária a indicação de ácido fólico para todas as gestantes. Outras substâncias estão sendo consideradas muito importantes também para essa fase, como a vitamina D3, iodo,vitaminas B6 E B12 e ômega 3, nutrientes essenciais na prevenção de doenças congênitas. Essa nova área da ciência se chama nutrigenômica e está focada em estudas como os nutrientes podem ter uma influência epigenética e auxiliar na estabilidade e saúde genética.
A realização de testes genéticos pré-concepcionais consegue prevenir 2 a 3% das doenças genéticas. Geralmente os testes fazem o diagnóstico autossômica recessiva, como fibrose cística e anemia falciforme. Esses testes estão indicados em caso de consaguinidade (ex.judeus) ou raças específicas que já se sabe do aumento da incidência de doenças genéticas. Assim, testes genéticos não estão indicados para a população em geral, nem para pais de crianças que tiveram uma doença congênita (que se formou na gestação). Uma atitude proativa pode prevenir mais que os testes.
Pode-se resumir que o tratamento pré-concepcional como a otimização da saúde: quanto mais saudáveis forem os pais, mais saudável será o filho. Não se almeja apenas não ter doenças, mas também melhorar a saúde para gerar uma criança sadia. A partir dos conhecimentos atuais da ciência, propõem-se as seguintes medidas de otimização da saúde:
TRATAMENTO PRÉ-CONCEPCIONAL PARA O PAI
Os óvulos da mulher já estão formados ao nascer, enquanto que os espermatozóides são produzidos de forma contínua, sendo mais suscetíveis às influências ambientais e ao estresse oxidativo. Vários trabalhos mostram a melhora da qualidade dos espermatozóides e do seu DNA com o uso de suplementos antioxidantes, otimizando a fertilidade masculina.
Como os homens estão tendo filhos cada vez mais tarde, como ficam mais expostos a toxinas ambientais (como o cigarro e álcool), é muito importante que faça um tratamento antioxidante antes da concepção para reduzir micro alterações cromossômicas que repercutirão para seu filho.
Além de ter bons hábitos de vida (como parar de fumar e usar drogas), o uso de um multivitamínico rico em antioxidantes será de grande ajuda. Se tiver condições de manter uma dieta saudável e um tratamento desintoxicante antes da concepção, isso também pode melhorar a carga genética do bebê.
Quando se fala em poluição, pensa-se nos químicos pesados, mas se esquece da poluição eletromagnética, como colocar o celular próximo aos testículos ou o computador sobre o colo. Trabalhos mostraram redução de motilidade dos espermatozóides quando expostos a campos eletromagnéticos. Assim, descobriu-se que o pai também deve se tratar e se cuidar antes da concepção, e que sua contribuição poderá ser muito grande para a saúde de seu futuro filho.
TRATAMENTO PRÉ-CONCEPCIONAL PARA A MÃE
O uso de vitaminas que estabilizam o DNA, por exemplo, o ácido fólico e as vitaminas B12 E B6 antes de engravidar é um bom começo. Um erro frequente é engravidar logo após parar o uso da pílula anticoncepcional. O uso prolongado da pílula reduz os níveis corporais de vitamina B6 e ácido fólico, podendo apresentar carências subclínicas que vão se manifestar na gravidez. Assim, se recomenda a interrupção da pílula e suplementação de nutrientes três a seis meses antes de engravidar.
Muitas mulheres que usam ácido fólico podem ter uma alteração genética que impede que ele seja efetivamente utilizado pelo corpo, por falta de uma enzima (MetilenoTetraHidroFolato Redutase = MTHFR) que faz a ativação fianl deste. Essa alteração genética pode acontecer em até 30% de alguns grupos populacionais. Assim, se deveria pesquisar a mutação para MTHFR antes de usar o ácido fólico. Quem tiver essa mutação tem que fazer suplementação com o ácido fólico ativo: o Metilfolato.
A infertilidade ou dificuldade de engravidar é a mais nova epidemia moderna,que está diretamente ligada à toxicidade ambiental e de metais pesados. Assim, fazer uma detoxificação ou retirada dos metais pesados (quelação) antes da gestação pode ajudar a facilitar a fecundação. Vários casais antes de gastarem grandes quantidade de dinheiro com métodos de fertilização invitro deveriam primeiro fazer a sua parte: se prepararem corporalmente e metalmente para a gravidez.
A dieta saudável é naturalmente recomendada, mas descobriu-se que mulheres que faziam fertilização in vitro tinham mais resultados positivos se fizessem uma dieta saudável e rica em proteínas.
Durante a gestação, alguns nutrientes, se suplementados, vão ter uma repercussão após o parto, gerando uma criança mais saudável e livre de doenças.
Os probióticos são muito estudados como preventivos de cólicas abdominais e doenças alérgicas em recém-nascidos. Deve-se suplementar a gestante para ter bastante lactobacilos em sua vagina quando a criança nascer, e se o parto for cesárea, se recomendao uso de lactobacilos já para o recém-nascido. O omêga 3, principalmente no segundo e terceiro semestres, são muito importantes para o crescimento cerebral. Sabemos queno terceiro trimestre o cérebro produz 500.000 novas células por hora; esta produção precisará de muita matéria-prima e o ômega 3 é uma das matérias-primas essenciais (isto é, que o corpo não pode produzir, mas retirar da alimentação). Isso repercutirá em uma criança mais inteligente e com melhor QI oa quatro anos de idade, como comprovado em trabalhos científicos.
Os conhecimentos da epigenética são cada vez maiores e mostram a influência do meio e dos nutrientes sobre os genes. Os estudos da Nutrição, principalmente da Nutrigenômica, área que estuda a influência dos nutrientes sobre a ativação e inativação dos genes, tem dado respaldo científico e a informação necessária para um tratamento pré-concepcional e pré-natal muito melhor, fazendo com o que o ser humano ocupe sua função de co-criador, sendo pró-ativo e colaborativo no ápice do processo da criação: a gestação de um ser humano.
O QUE É O TRATAMENTO PRÉ-CONCEPCIONAL?
Hoje em dia o tratamento pré-concepcional (junto com o pré-natal) já é reconhecido pela ciência, como podemos ver no site do CDC ( Centro de Controle de Doenças ) americano que indica:
- Faça um plano e seja pró-ativa antes da gestação;
- Visite um profissional que saiba sobre tratamento pré-concepcional, que possa analisar o histórico das doenças, DSTs, uso de medicações e hábitos de vida;
- Tome 400 mcg de ácido fólico ao dia;
- Pare de beber, fumar e usar drogas;
- Evite substâncias tóxicas e contaminantes ambientais;
- Esteja no peso saudável;
- Proteja-se da violência;
- Aprenda com sua história familiar;
- Fique mentalmente saudável;
- Prioriza a gravidez saudável.