Como diagnosticar o autismo

Uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, concluíram que o autismo já pode ser identificado crianças com menos de um ano de idade. Especialistas acreditam que a aplicação de um questionário pode diagnosticar a doença precocemente.

O questionário é composto por perguntas do tipo como o bebê lida com as formas de comunicação. São avaliados os olhares, gestos e sons. Se as respostas indicarem autismo na criança, os pais devem encaminhá-la para a realização de exames mais completos, feitos a cada semestre, até que ela atinja três anos de idade; o questionário é chamado de Teste M-CHAT.

Os pediatras avaliaram mais de 10 mil crianças e, desse total, 32 tiveram o diagnóstico constatado como autismo. Com idade média de um ano e cinco meses, elas foram encaminhadas para tratamento. Os médicos afirmam que quanto mais cedo a síndrome for constatada, melhores serão o desenvolvimento e o aprendizado.

“Esse é um grande avanço no tratamento e prognósticos mais positivos sobre o autismo. Quando o diagnóstico é feito precocemente, há chances de a criança desenvolver melhor suas habilidades e aprendizagem”, reforça a psicóloga e tutora do Portal Educação, Denise Marcon.

No entanto, vale ressaltar que pesquisas anteriores comprovam que os primeiros sintomas de autismo são notados pelos pais com certo atraso e os primeiros diagnósticos, geralmente, são feitos quando a síndrome está mais avançada.

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas).

Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamada transtorno do espectro autista (TEA).

 O Brasil está desenvolvendo um método inédito, por meio de exame de imagem, para diagnosticar o autismo . Atualmente, no mundo, não existe nenhum teste específico para caracterizar a doença, somente diagnóstico clínico, baseado na observação dos sintomas apresentados.

Os pesquisadores do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, utilizam o eletroencefalograma computadorizado para fazer uma varredura cerebral do paciente. O exame amplia e mede as correntes eletromagnéticas no cérebro em diversas frequências e permite verificar as ligações entre os grupos de neurônios.

Adaílton Tadeu Alves de Pontes, neurologista infantil e um dos coordenadores da pesquisa, afirma que as imagens obtidas com o mapeamento são comparadas com as do cérebro de uma criança sem o problema. Na verificação da relação de uma área com outra, segundo o médico, as crianças com autismo apresentam uma resposta diminuída no hemisfério cerebral direito em relação ao esquerdo, ou seja, há uma deficiência de ativação no hemisfério direito do autista.

O estudo continuará e pretende ampliar a amostra de crianças analisadas, incluindo autistas com inteligência normal e outros com problemas de linguagem. Para que futuramente possa ser efetuada uma comparação dessas crianças com outras que possuam patologias neuropsiquiátricas diferentes e se chegar a conhecer como funciona a resposta cerebral nesses casos.

Há pesquisas anteriores realizadas com cérebros de autistas que já relatam desequilíbrios em neurotransmissores, que são substâncias químicas que ajudam as células nervosas a se comunicarem. Estas explicam o comportamento do autista, mas ainda não há nada definitivo ou que ajude na identificação da doença.

Hoje, o diagnóstico de autismo é tardio e só ocorre por volta dos três anos de idade. O tratamento praticado é basicamente comportamental, com acompanhamento psicológico, fonoaudiológico e com remédios para controle dos sintomas específicos, dentre eles a agressividade, comum nos autistas.