O processo da N Acetil Cisteina

 

 

Acetil Cisteina no AUTISMO (relato da Dra. Geórgia)
 

 

Muitas perguntas sobre uso da n-acetilcisteína no autismo estão chegando.
Em primeiro lugar, antes de lhes falar dos efeitos benéficos que ela tem no autismo, preciso bater na mesma tecla de sempre: Algumas pessoas acreditam que medicamentos e suplementos vitamínicos são inócuos, que não apresentam efeitos colaterais e podem ser administrados à crianças indiscriminadamente. Como pediatra preciso lhes alertar que todos os medicamentos podem ter seus efeitos colaterais e os suplementos vitamínicos também. Que o organismo das crianças é mais suscetível às intoxicações devido a sua grande percentagem de gordura e água corporal e da maior fragilidade dos órgãos de drenagem como fígado e rins. Que todo medicamento deve ser administrado por supervisão e pelo tempo determinado para que os resultados clínicos sejam vistos e os efeitos colaterais pelo uso prolongado ou dose errada não apareçam. Medicamento não é balinha!….Sei muito bem dos comentários que surgem quando venho à público falar da cautela que se deve ter quando os pais desesperadamente dão para os filhos autistas TUDO que eles lêem na internet. POUPEM-ME DESTES COMENTÁRIOS e PARE DE LER POR AQUI SE VOCÊ SE ENQUADRA NESTE GRUPO!
Por isto mesmo, antes de falar dos efeitos benéficos e tudo que estudei sobre o NAC, vou começar cutucando com os EFEITOS COLATERAIS, ok?!
Em primeiro lugar: A advertência que todos os cursos lá de fora nos dão. Só usar N-Acetilcisteína em uma fase mais adiantada do tratamento, DEPOIS QUE TODOS OS PROBLEMAS GASTRIONTESTINAIS DOS PEQUENOS ESTIVEREM RESOLVIDOS. O NAC pode piorar a disbiose! E todo o curso de tratamento vai por água abaixo!

Os efeitos colaterais que relaciono aqui saíram dos meus TRATADOS DE PEDIATRIA:
. Pacientes que apresentem gastrite, esofagite, úlcera péptica ( Nunca administrar com outros agentes irritantes da mucosa gástrica)
. Broncoaspiração e obstrução respiratória em pacientes que apresentam secreção de vias aéreas.
. Asma brônquica pois pode causar broncoespasmo.
. Fenilcetonúria, diabetes, intolerância à frutose.
. NUNCA dar junto com um xarope antitussígeno. Pode causar obstrução respiratória.

. O NAC inativa alguns antibióticos. Nunca dar junto.
. Qualquer medicamento que abaixe a pressão pode ser potencializado e causar hipotensão grave.
. Efeitos comuns: diarreia, aftas, dor abdominal, náusea
. Dor de cabeça ( cefaleia), hipotensão ( pressão baixa), taquicardia ( batimentos cardíacos acelerados)

. Urticária, prurido, angioedema, rush cutâneo.
. Febre
. Choque anafilático
. Edema de face
. Diminuição da agregação plaquetária ( tendência à hemorragias)

 MUITO GRAVE: Sindrome de Stevens Johnson! Se ocorrer qualquer alteração de pele e mucosas suspender o medicamento imediatamente!
Bem, depois de ter frisado que medicamento não é balinha, posso falar dos efeitos benéficos. 
Depois que a medicina moderna passou a olhar com mais atenção para a importância das substâncias de efeito antioxidante em várias doenças agudas e crônicas, a n-acetilcisteína começou a tomar lugar em várias pesquisas.

Ela é largamente utilizada na clínica em geral para eliminar secreções pulmonares facilitando a respiração. Modifica as características do muco, tornando-o mais fluido, menos viscoso, e facilitando assim sua eliminação das vias respiratórias.
Outro uso muito antigo da N-Acetilcisteína é na intoxicação por Paracetamol. É necessária uma carga maior de glutationa no fígado para que o metabólito tóxico desta intoxicação seja eliminado.

Há pesquisas atuais sobre a eficácia da N-Acetilcisteína em áreas que vocês nem desconfiam! Como por exemplo:

. no tratamento da adição à cocaína e maconha,
. na prevenção da fibrilação atrial apos cirurgia cardíaca, 
. na sensibilidade as anfetaminas, 
. na lesão celular por uso de contrastes,
. no dano auditivo produzido por ruídos intensos,

na atenuação dos maus efeitos de radiação nos tumores,
. na melhora da função ovariana em infertilidade feminina ( com inositol),
. na falência hepática aguda (com prednisona), 
. no Traumatismo Craniano ( com selênio),
. na toxicidade hepática por intoxicação por pesticidas, 
. na Tricotilomania( mania de arrancar e/ou comer cabelos),
. nas lesões raquimedulares( coluna),
. modulador do sistema glutamatérgico e dopaminérgico,
. pervenção do dano às membranas mitocondriais e ao DNA mitocondrial 

pelos radicais livres ( Amei estes estudos!!!)

ação nos receptores metabotrópicos de glutamato ( Amei estes também!! => Para os entendidos: É aonde o ARBACLOFEN atua!!!)
. ação neurotrópica, isto é, favorecendo o crescimento de comunicações neuronais ( AMEI também!!! => Para os entendidos = É onde o IGF1 atua!!!! )
. na ataxia spino-cerebelar, no mal de Parkinson, na discinesia tardia, na epilepsia mioclônica de Unverricht-Lundbor , na esclerose múltipla, na esclerose lateral amiotrófica, na doença de Alzheimer,

. em todas as doenças psiquiátricas.
Todos estes estudos estão fresquinhos, agora em 2014.
O uso da N-Acetilcisteína no autismo é bem antigo! Em 2003 quando fui ao AutismEurope já se falava. O principal uso é como antioxidante e promotor da fabricação de glutatione. (vide: Ciclo da Transsulfatação para os entendidos). O NAC é um composto que aumenta os níveis de glutationa, antioxidante principal do corpo. A glutationa é um composto no sangue que é parte de um sistema de defesa natural (sistema antioxidante). Os anti-oxidantes protegem o corpo contra os danos causados por toxinas internas chamadas de “radicais livres”. Vários estudos comprovam que as crianças com autismo têm níveis mais baixos de glutationa no sangue.

O NAC já fazia parte do nosso protocolo no DAN ( Defeat Autism Now- Autism Research Institute) e também tem seu lugar no nosso protocolo do MAPS ( Medical Academy for Children With Special Needs), mas sempre com o uso no tempo apropriado, na sequência correta do tratamento.( Como eu disse, não é uma panacéia)
Um dos trabalhos mais importantes que deram crédito maior à N-Acetilcisteína, tem sido o da Universidade de Stanford que está sendo conduzido desde fevereiro 2008 pelo Dr. Antonio Hardan. Ele tem estudado a eficácia, a tolerabilidade e os efeitos comportamentais do NAC no autismo. Os resultados do seu primeiro estudo piloto com 33 crianças comprovou a utilidade do NAC na diminuição da irritabilidade em crianças autistas. (A randomized controlled pilot trial of oral N-acetylcysteine in 

children with autism.Hardan AY1, Fung LK, Libove RA, Obukhanych TV, Nair S, Herzenberg LA, Frazier TW, Tirouvanziam R.) Ele tem publicado outros artigos à respeito e, atualmente o Instituto Nacional de Saúde Mental Americano está financiando a continuidade de seu trabalho.

Um outro estudo duplo-cego, randomizado, placebo-controlado de Ghanizadeh e Moghimi-Sarani comprovou a utilidade do uso de NAC junto com risperidona para diminuir a irritabilidade.( BMC Psychiatry. 2013 Jul 25;13:196. doi: 10.1186/1471-244X-13-196. A randomized double blind placebo controlled clinical trial of N-Acetylcysteine added to risperidone for treating autistic disorders.). Segundo o estudo: “ Há um campo de expansão da pesquisa que investiga os benefícios das terapias alternativas em contraste com as farmacológicas tradicionais já existentes em psiquiatria. A N-acetilcisteína (NAC) está emergindo como um agente útil no tratamento de distúrbios psiquiátricos. Como muitas terapias, o uso do NAC está longe de seu uso atual em psiquiatria. Considerando que os mecanismos do NAC só agora começam a ser compreendidos, consideramos que o NAC exerça benefícios muito além de ser um precursor para o maior antioxidante, a glutationa, modulandor glutamatérgico, neurotrópico e grande modelador das vias inflamatórias. Esta avaliação destaca a literatura atual sobre o uso de NAC em desordens incluindo o vício, transtornos compulsivos e de aliciamento, esquizofrenia e transtorno bipolar. A N-acetilcisteína tem mostrado resultados promissores em populações com esses transtornos, incluindo aqueles em que a eficácia do tratamento tradicional foi previamente limitada. O potencial terapêutico deste aminoácido acetilado está começando a surgir no campo da investigação psiquiátrica”.

Este é um estudo do Dr Richard Frye. Ele o apresentou agora no AutismOne relacionando a disfunção mitocondrial ( Vocês sabem que eu ADORO isso!) e o autismo, com o déficit de glutatione e a produção de radicais livres: (Transl Psychiatry. 2014 Apr 1;4:e377. doi: 10.1038/tp.2014.15.Oxidative stress induces mitochondrial dysfunction in a subset of autistic lymphoblastoid cell lines. Rose S, Frye RE, Slattery J, Wynne R, Tippett M, Melnyk S, James SJ.) Ele diz: “Há um crescente reconhecimento de que a disfunção mitocondrial está associada com perturbações do espectro do autismo. No entanto, pouca atenção tem sido dada à etiologia da disfunção mitocondrial e como anormalidades mitocondriais podem interagir com outros distúrbios fisiológicos tais como o stress oxidativo. A capacidade de reserva é uma medida da capacidade das mitocôndrias para responder ao stress fisiológico. Neste estudo, nós demonstramos, pela primeira vez, que as linhas de células linfoblastóides derivadas de crianças com transtorno autista tem uma capacidade de reserva mitocondrial anormal antes e depois da exposição a radicais livres. Neste grupo, o pré-tratamento de 48 horas com N-acetilcisteína, um precursor da glutationa, impediu estas anomalias e provocou melhorada do metabolismo da glutationa, sugerindo um papel para o metabolismo da glutationa alterada associada com este tipo de disfunção mitocondrial. Os resultados deste estudo sugerem que um subgrupo significativo de crianças com autismo podem ter alterações na função mitocondrial, o que poderia torná-los mais vulneráveis a um microambiente pró-oxidante, bem como fontes intrínsecas e extrínsecas de radicais livres, como a ativação imune e pró-oxidante ambiental pelas toxinas. Estes resultados são consistentes com a noção de que a autismo é causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

Resumindo, segundo os pesquisadores, a N-acetilcisteína (NAC) tem como alvo um conjunto diversificado de fatores pertinentes na fisiopatologia de diversos transtornos neuropsiquiátricos, incluindo a transmissão glutamatérgica, a glutationa como antioxidante, a produção de neurotrofinas, a regulação da apoptose, a função mitocondrial e as vias inflamatórias. Há muita produção científica sobre o uso de NAC em distúrbios, incluindo vícios a cocaína, maconha e vícios de fumar, Alzheimer e doença de Parkinson, autismo, transtornos compulsivos, esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. Existem ensaios positivos da NAC em todos esses transtornos, e embora muitos deles ainda precisem de replicação e sejam metodologicamente preliminares, isso ainda faz com que seja um dos candidatos mais promissores de drogas em transtornos neuropsiquiátricos.

32 thoughts on “O processo da N Acetil Cisteina

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